quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Seleções Chingón: Raul Seixas


Raul Santos Seixas (Salvador, 28 de junho de 1945 — São Paulo, 21 de agosto de 1989), foi um cantor e compositor brasileiro, frequentemente considerado um dos pioneiros do rock brasileiro. Também foi produtor musical da CBS durante sua estada no Rio de Janeiro, e por vezes é chamado de "Pai do Rock Brasileiro" e "Maluco Beleza". Sua obra musical é composta por 17 discos lançados em seus 26 anos de carreira e seu estilo musical é tradicionalmente classificado como rock e baião, e de fato conseguiu unir ambos os gêneros em músicas como "Let Me Sing, Let Me Sing"

Track listing:
01 – A Maçã
02 – A Pedra Dos Gênesis
03 – Aluga-se
04 – Carimbador Maluco
05 – As Minas Do Rei Salomão
06 – Pastor João E A Igreja Invisível
07 – Sociedade Alternativa
08 – Gita
09 – Eu Nasci Há 10 Mil Anos Atrás
10 – Abre-te Sésamo
11 – Tente Outra Vez
12 – Maluco Beleza
13 – Metamorfose Ambulante
14 – Meu Amigo Pedro
15 – Carpinteiro Do Universo
16 – Capim Guiné
17 – Judas
18 – Metrô Linha 743
19 – O Dia Em Que A Terra Parou
20 – Sapato 36
21 – Canto Para Minha Morte
22 – Diamante De Mendigo
23 – Medo Da Chuva
24 – Lua Bonita
25 – O Trem Das 7
26 – Ouro De Tolo
27 – Tu És O MDC Da Minha Vida


Curiosidade: Será que o Rei do Rock se vendeu para a globo ???
Se ele se vendeu eu não sei, mas não entregou, rsrs...
Quando em meados de 1983, Raul Seixas lançou a canção “Carimbador Maluco” (também conhecida como “Plunct, Plact, Zuum”), no álbum ‘Raul Seixas’ pelo selo Eldorado, milhares de fãs se revoltaram com o ídolo. Afinal, onde estava aquele roqueiro contestador e rebelde que há uma década tinha ficado famoso com ‘Ouro de Tolo’ – um verdadeiro tapa-na-cara daqueles que sonham em ser felizes seguindo todas as regras impostas pelo que o próprio Raul Seixas chamava de ‘Monstro Sist’, o Sistema vigente, o capitalismo e o consumismo em todas suas formas? Com certeza era frustrante ver o ‘Maluco Beleza’ sorrindo – talvez orgulhoso por ter finalmente vencido na vida -, em meio a dezenas de criancinhas, cantando uma música altamente comercial, e gravando programas para a Rede Globo de Televisão.
A situação piorou ainda mais quando Raul ganhou seu segundo Disco de Ouro, graças ao sucesso da música. Nas ruas, nos parques, nas casas e nas escolas, crianças e adultos, doutores e operários, dançavam e cantavam, divertindo-se ao som da música, tema do especial infantil da TV Globo, chamado Plunct, Plact, Zuum.
Mas em meio aos fãs de carteirinha, a decepção era quase que total. Também pudera, o mesmo homem, de óculos escuros e jaqueta de couro, que classificou o rock ‘n’ roll “Let Me Sing, Let Me Sing” e “Eu sou eu, Nicuri é o Diabo” no Festival Internacional da Canção de 1972, e que exaltava multidões em seus shows convocando a “Sociedade Alternativa”, havia finalmente se rendido ao poder do sucesso. Acabara de se vender ao Sistema com uma música aparentemente imbecil e sem a famosa dose de filosofia, típica de Raul Seixas. Onde estaria o Raul Subversivo? Raul Seixas havia finalmente desistido de seus ideais e agora, fazia parte da mesma panelinha que tanto criticara. Certo?
Errado! Em quase toda a extensa obra de Raul Seixas é possível encontrar citações, segredos, dicas, enfim, verdadeiras mensagens subliminares. Num tempo em que dezenas de suas músicas após serem avaliadas pela Comissão da Censura voltavam com um imenso “X” vermelho de lado a lado do manuscrito, a saída era usar de metáforas. E Raul soube usar esse truque muito bem, dizendo tudo o que quis, só que com palavras diferentes. Mudou apenas o jeito de falar, mas disse exatamente o mesmo – tudo aquilo que queria dizer. Muito gente não sabe que para compor a música ‘Gita’ por exemplo, uma de suas canções mais conhecidas, Raul e seu parceiro na época, Paulo Coleho, foram buscar inspiração no livro ‘Bhagavad Gita’, considerado um dos três principais livros sagrados da humanidade, ao lado da Bíblia e do Tao-Te-King (Lao-Tse). 'Gita' é baseada em uma conversa entre o guerreiro Arjuna e seu deus, o Senhor Krishna. No livro, datado de seis mil anos atrás, cultuado na Índia, o guerreiro, cansado dos horrores do campo de batalha, invocou o Deus Krishna, questionando o porquê de tanta maldade. Segundo a história, Arjuna teria se assustado com a aparição, e perguntou "Quem é você?". Krishna respondeu dizendo "(...) Hoje eu vou lhe mostrar... eu sou a luz das estrelas, eu sou....(...)". Familiar, não?
Já na primeira versão de “Check-up”, Raul precisou trocar os nomes de alguns medicamentos psicotrópicos (tarja-preta), por nomes confusos e indecifráveis como “Quilindrops, Discomel e Ploct-Pluct 25”. Só depois que a versão original foi liberada pela censura, o público entendeu o recado.
Na época, somente os amigos pessoais de Raul Seixas, pessoas que conviviam com ele, e poucos fãs com maior conhecimento, sacaram o lance que estava acontecendo. Raul Seixas não havia mudado! Não tinha se rendido ao Sistema, tampouco se vendido ao lado comercial da música. Raulzito continuava o mesmo. Afiado, abusado, libertário e muito, muito inteligente. Simplesmente, num golpe arriscado e temperado com seu tradicional sarcasmo e sua indiscutível ironia, Raul Seixas ‘injetou’ na letra da canção trechos de um texto anarquista de Pierre Joseph Proudhon, considerado o percussor do anarquismo moderno, morto em 1865. "Idée générale de la révolution au XIXe siècle”, de Proudhon, é uma pesada crítica a burocracia imposta pelo governo ou estado vigente, em toda e qualquer atividade ou processo, a fim de retardar o mecanismo ou conduta em questão.

Na música, Raul Seixas diz: “Tem que ser selado/ registrado /carimbado /avaliado e rotulado se quiser voar, pra lua a taxa é alta, pro sol: identidade, mas já pro seu foguete viajar pelo universo é preciso meu carimbo dando sim, sim, sim!”.

O texto original diz: “(...) Ser governado é ser guardado à vista, inspecionado, espionado, dirigido, legislado, regulamentado, identificado, doutrinado, aconselhado, controlado, avaliado, pesado, censurado, comandado... Ser governado é ser, a cada operação, a cada transação, a cada movimento, anotado, registrado, recenseado, tarifado, selado, tosado, avaliado, cotizado, patenteado, licenciado, autorizado, apostilado, administrado, impedido, reformado, endereçado, corrigido... ser posto à contribuição, exercido, extorquido, explorado, monopolizado, pressionado, mistificado, roubado; depois, ao menor resmungo, à primeira palavra de reclamação, reprimido, multado, enforcado, hospitalizado, espancado, desarmado, garroteado, aprisionado, fuzilado, metralhado, julgado, condenado, deportado, sacrificado, vendido, traído, e por cúmulo, jogado, ludibriado, ultrajado, desonrado (...)”.
O fato é que o golpe deu certo. Talvez, se na época alguém percebesse o forte teor anarquista, a imensa crítica ao sistema, a música teria ficado na gaveta da censura, entre tantas outras. Mas isso não aconteceu. O público foi atingido em cheio! As crianças gostaram, os pais aprovaram, a TV mostrou, o governo concordou. E Raul, mais uma vez, deu seu recado, sem ser censurado, avaliado, rotulado, inspecionado...
(Parte deste é de uma revista antiga que eu não lembro qual era para citar a fonte, eu já havia publicado em um antigo blog meu, e estava salvo em meu HD)

A seleção Chingón, é o que fazíamos nos anos 80's, comprávamos os Lp's, e gravávamos em fitas K7 para ouvir nos toca fitas dos carros. Se vc não possuir as mídias originais, delete os arquivos do seu computador depois de 24 horas como manda a lei. 

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