Raul Santos
Seixas (Salvador, 28 de junho de 1945 — São Paulo, 21
de agosto de 1989), foi um cantor e compositor brasileiro,
frequentemente considerado um dos pioneiros do rock brasileiro. Também foi produtor
musical da CBS durante sua estada no Rio de Janeiro, e por vezes é
chamado de "Pai do Rock Brasileiro" e "Maluco Beleza". Sua
obra musical é composta por 17 discos lançados em seus 26 anos de
carreira e seu estilo musical é tradicionalmente classificado como rock e baião,
e de fato conseguiu unir ambos os gêneros em músicas como "Let
Me Sing, Let Me Sing"
Track
listing:
01 – A Maçã
02 – A Pedra
Dos Gênesis
03 –
Aluga-se
04 –
Carimbador Maluco
05 – As
Minas Do Rei Salomão
06 – Pastor
João E A Igreja Invisível
07 –
Sociedade Alternativa
08 – Gita
09 – Eu
Nasci Há 10 Mil Anos Atrás
10 – Abre-te
Sésamo
11 – Tente
Outra Vez
12 – Maluco
Beleza
13 –
Metamorfose Ambulante
14 – Meu
Amigo Pedro
15 –
Carpinteiro Do Universo
16 – Capim
Guiné
17 – Judas
18 – Metrô
Linha 743
19 – O Dia
Em Que A Terra Parou
20 – Sapato
36
21 – Canto
Para Minha Morte
22 –
Diamante De Mendigo
23 – Medo Da
Chuva
24 – Lua
Bonita
25 – O Trem
Das 7
26 – Ouro De
Tolo
27 – Tu És O
MDC Da Minha Vida
Curiosidade: Será que o Rei do Rock se vendeu para a globo ???
Se ele se
vendeu eu não sei, mas não entregou, rsrs...
Quando em
meados de 1983, Raul Seixas lançou a canção “Carimbador Maluco” (também
conhecida como “Plunct, Plact, Zuum”), no álbum ‘Raul Seixas’ pelo selo
Eldorado, milhares de fãs se revoltaram com o ídolo. Afinal, onde estava aquele
roqueiro contestador e rebelde que há uma década tinha ficado famoso com ‘Ouro
de Tolo’ – um verdadeiro tapa-na-cara daqueles que sonham em ser felizes
seguindo todas as regras impostas pelo que o próprio Raul Seixas chamava de
‘Monstro Sist’, o Sistema vigente, o capitalismo e o consumismo em todas suas
formas? Com certeza era frustrante ver o ‘Maluco Beleza’ sorrindo – talvez
orgulhoso por ter finalmente vencido na vida -, em meio a dezenas de
criancinhas, cantando uma música altamente comercial, e gravando programas para
a Rede Globo de Televisão.
A situação
piorou ainda mais quando Raul ganhou seu segundo Disco de Ouro, graças ao
sucesso da música. Nas ruas, nos parques, nas casas e nas escolas, crianças e
adultos, doutores e operários, dançavam e cantavam, divertindo-se ao som da
música, tema do especial infantil da TV Globo, chamado Plunct, Plact, Zuum.
Mas em meio
aos fãs de carteirinha, a decepção era quase que total. Também pudera, o mesmo
homem, de óculos escuros e jaqueta de couro, que classificou o rock ‘n’ roll
“Let Me Sing, Let Me Sing” e “Eu sou eu, Nicuri é o Diabo” no Festival
Internacional da Canção de 1972, e que exaltava multidões em seus shows
convocando a “Sociedade Alternativa”, havia finalmente se rendido ao poder do
sucesso. Acabara de se vender ao Sistema com uma música aparentemente imbecil e
sem a famosa dose de filosofia, típica de Raul Seixas. Onde estaria o Raul Subversivo?
Raul Seixas havia finalmente desistido de seus ideais e agora, fazia parte da
mesma panelinha que tanto criticara. Certo?
Errado! Em
quase toda a extensa obra de Raul Seixas é possível encontrar citações,
segredos, dicas, enfim, verdadeiras mensagens subliminares. Num tempo em que
dezenas de suas músicas após serem avaliadas pela Comissão da Censura voltavam
com um imenso “X” vermelho de lado a lado do manuscrito, a saída era usar de
metáforas. E Raul soube usar esse truque muito bem, dizendo tudo o que quis, só
que com palavras diferentes. Mudou apenas o jeito de falar, mas disse
exatamente o mesmo – tudo aquilo que queria dizer. Muito gente não sabe que
para compor a música ‘Gita’ por exemplo, uma de suas canções mais conhecidas,
Raul e seu parceiro na época, Paulo Coleho, foram buscar inspiração no livro
‘Bhagavad Gita’, considerado um dos três principais livros sagrados da
humanidade, ao lado da Bíblia e do Tao-Te-King (Lao-Tse). 'Gita' é baseada em
uma conversa entre o guerreiro Arjuna e seu deus, o Senhor Krishna. No livro,
datado de seis mil anos atrás, cultuado na Índia, o guerreiro, cansado dos
horrores do campo de batalha, invocou o Deus Krishna, questionando o porquê de
tanta maldade. Segundo a história, Arjuna teria se assustado com a aparição, e
perguntou "Quem é você?". Krishna respondeu dizendo "(...) Hoje
eu vou lhe mostrar... eu sou a luz das estrelas, eu sou....(...)".
Familiar, não?
Já na
primeira versão de “Check-up”, Raul precisou trocar os nomes de alguns
medicamentos psicotrópicos (tarja-preta), por nomes confusos e indecifráveis
como “Quilindrops, Discomel e Ploct-Pluct 25”. Só depois que a versão original
foi liberada pela censura, o público entendeu o recado.
Na época,
somente os amigos pessoais de Raul Seixas, pessoas que conviviam com ele, e
poucos fãs com maior conhecimento, sacaram o lance que estava acontecendo. Raul
Seixas não havia mudado! Não tinha se rendido ao Sistema, tampouco se vendido
ao lado comercial da música. Raulzito continuava o mesmo. Afiado, abusado, libertário
e muito, muito inteligente. Simplesmente, num golpe arriscado e temperado com
seu tradicional sarcasmo e sua indiscutível ironia, Raul Seixas ‘injetou’ na
letra da canção trechos de um texto anarquista de Pierre Joseph Proudhon,
considerado o percussor do anarquismo moderno, morto em 1865. "Idée
générale de la révolution au XIXe siècle”, de Proudhon, é uma pesada crítica a
burocracia imposta pelo governo ou estado vigente, em toda e qualquer atividade
ou processo, a fim de retardar o mecanismo ou conduta em questão.
Na música,
Raul Seixas diz: “Tem que ser selado/ registrado /carimbado /avaliado e
rotulado se quiser voar, pra lua a taxa é alta, pro sol: identidade, mas já pro
seu foguete viajar pelo universo é preciso meu carimbo dando sim, sim, sim!”.
O texto original diz: “(...) Ser governado é ser guardado à vista,
inspecionado, espionado, dirigido, legislado, regulamentado, identificado,
doutrinado, aconselhado, controlado, avaliado, pesado, censurado, comandado...
Ser governado é ser, a cada operação, a cada transação, a cada movimento,
anotado, registrado, recenseado, tarifado, selado, tosado, avaliado, cotizado,
patenteado, licenciado, autorizado, apostilado, administrado, impedido,
reformado, endereçado, corrigido... ser posto à contribuição, exercido,
extorquido, explorado, monopolizado, pressionado, mistificado, roubado; depois,
ao menor resmungo, à primeira palavra de reclamação, reprimido, multado,
enforcado, hospitalizado, espancado, desarmado, garroteado, aprisionado,
fuzilado, metralhado, julgado, condenado, deportado, sacrificado, vendido,
traído, e por cúmulo, jogado, ludibriado, ultrajado, desonrado (...)”.
O fato é que
o golpe deu certo. Talvez, se na época alguém percebesse o forte teor
anarquista, a imensa crítica ao sistema, a música teria ficado na gaveta da
censura, entre tantas outras. Mas isso não aconteceu. O público foi atingido em
cheio! As crianças gostaram, os pais aprovaram, a TV mostrou, o governo
concordou. E Raul, mais uma vez, deu seu recado, sem ser censurado, avaliado, rotulado,
inspecionado...
(Parte deste
é de uma revista antiga que eu não lembro qual era para citar a fonte, eu já
havia publicado em um antigo blog meu, e estava salvo em meu HD)
A seleção Chingón, é o que fazíamos nos anos 80's, comprávamos os Lp's, e gravávamos em fitas K7 para ouvir nos toca fitas dos carros. Se vc não possuir as mídias originais, delete os arquivos do seu computador depois de 24 horas como manda a lei.